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A Calculadora do Meu Pai

“As coisas são polos de repouso da vida”  Byung Chul Han Não-Coisas A calculadora do meu pai tem mais funções do que fazer contas. Territórios estão ligados à ocupação, mas ocupar é também preencher e não apenas fisicamente. Objetos que são descartados facilmente não tem histórias para conseguirem se instalar. Cada geração se relaciona de uma forma com os objetos. No mundo atual velocidade e a obsolescência imperam, esses conceitos são inversos a possuir e ocupar. O descarte rápido é oposto à criar raizes. Informações, imagens digitais são efêmeras e passam rapidamente pelos olhos. O que fica? Em um mundo que anda mudando rapidamente os objetos que trazem familiaridade estão escassos. Trabalho exposto no Museu de Arte da Bahia, durante o Colóquio de Fotografia da Bahia 2025
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ReColeção de Fé

“Nada começa que não tenha que acabar, tudo o que começa nasce do que acabou.”  O Evangelho Segundo Jesus Cristo José Saramago ReColeção de Fé  Pesquiso frequentemente os shoppings chão do Rio de Janeiro, os desapegos alheios me interessam. Na primeira fase desta pesquisa me detenho nos objetos religiosos, que encontro frequentemente. Reuni peças de coleções alheias descartadas e formei uma nova coleção, misturando objetos impessoais, estatuetas, crucifixos,  como os escritos, retratos e álbuns de momentos mais íntimos ou pessoais. Objetos estes que naquele estado estavam completamente esvaziados de suas funções. Percebi que os retratos, tidos como pessoais, não passavam de imagens impessoais de pessoas diferentes que seguiam o mesmo modelo. E são estas as imagens  que normalmente são exibidas, e distribuídas, como "testemunhos/ comprovantes”  de fé. Reposicionei os achados, criando novas narrativas para tira-los dos padrões originais. Como fundo o vermelho, cor...

Toronto

Em 2018 fui convidada pela Camera de Comércio Brasil x Canadá para fazer parte do programa de intercâmbio artístico  Exchanging Glances. Minha ideia era apresentar uma Toronto diferente dos cartões postais da cidade. O resultado do trabalho foi apresentado no Rio de Janeiro no Arquivo Nacional (2019), na CCR Barcas, e m São Paulo no MIS, e m Toronto no  Brookfield Place e fez parte do grupo de exposições do  The Scotiabank Contact Photography Festival.

Entre

"...Pois já nada é o que o era. Há pedaços disto e pedaços daquilo, porém nada combina com nada. Mesmo assim, curiosamente, no limite de todo este caos tudo começa a se fundir novamente..." Paul Auster - No País das Ú ltimas Coisas Abandonado por vários anos o conjunto de prédios que abrigou empresas de telefonia se tornou moradia de sem-tetos por 13 dias. No dia 11 de abril de 2014 foram removidos pela tropa de força da PMRJ, em uma ação extremamente violenta. Em 2016, quando visitei o local, ele ainda decantava sua história. Mais do que ruínas de uma guerra, encontrei pequenas pistas, ilhas de integridade deixadas para trás carregadas de memórias e significados. Resgatei-os esvaziados de seus usos convencionais para re-agrup á- los novamente como arquipélagos de matéria. Estes objetos foram recolhidos, fotografados em estúdio. Criei um inventário do que aconteceu naquele lugar, misturando memórias de tempos diversos.

Yes Nós Temos Iglus

As Casas Iglus foram o resultado de um projeto de habitação popular implementado nos anos 50, no bairro de Guadalupe, Rio de Janeiro. Selecionamos aqui, 16 dos 21 exemplares restantes desse tipo de moradia. As imagens inscrevem os iglus na paisagem urbana evidenciando a escala, o desequilibrio da forma, a tensão, a relação conflituosa entre o pertencimento e a inedaquação com o entorno. Essas pequenas e redondas edificações não se inserem no tecido urbano local tradicional, conservando algo improvável, deslocadamente inapropriado. Não há gente nas fotos mas de alguma maneira, elas transmitem uma infinidade de histórias humanas. Um modo indireto de retrato. As áreas externas aqui mostradas traduzem a noção familiar das casas, que vão sendo trabalhadas por cada morador de acordo com suas necessidades, seus valores afetivos, estéticos e sócio-econômicos. Os rastros deixados pelos objetos, revelam um pouco da pulsão de vida de cada local - ativa, quieta, inexistente. Por in...

N.R.A.

O projeto NRA (Nenhuma Resposta Anterior) nasceu do dialogo imagético de Ana Rodrigues e João Paulo Pereira.  No mundo atual a forma de se comunicar vem mudando rapidamente, a palavra escrita vem perdendo espaço para emojis, gifs e memes. Nunca se falou tanto através de imagens como hoje em dia, porém a maioria das pessoas utiliza signos já prontos.  A vontade de criar um léxico próprio formado por imagens deu início ao trabalho. Se expressar através de uma imagem e ler a imagem do outro é um exercício de comunicação. O N.R.A. parte de um diálogo entre dois indivíduos mas procura se identificar com um grande numero de pessoas que compartilham das mesmas necessidades de comunicação, pelos mesmos meios, numa velocidade cada vez maior, num tempo dominado pela economia de palavras e a procura pela síntese gráfica das emoções. Sua primeira versão foi em formato coleção de livros com 3 volumes lançada em 2017. O s dois primeiros volumes fazem parte das exibições Feira do Li...

#minhajanelaminha

# minhajanelaminha  nasceu de uma inquietação. Neste mundo sobrecarregado de tantas fotografias, que ficavam vivas por tão pouco tempo, as pessoas ainda conseguiriam se relacionar com uma imagem? O ritual de despertar, fotografar o amanhecer com o telefone, e postar diariamente foi transformando a minha janela numa janela de todos. Uma comunidade, marco do começo do dia, previsão do tempo, um carinho. Um espaço em que recebi bons dias, palavras carinhosas e as interpretações diversas da vista. Vários motivos para sorrir. Pessoas próximas, pessoas não tão próximas e pessoas que não conheço pessoalmente foram se tornando amigas. Este trabalho é sobre as construções das relações de afeto entre as pessoas através das redes sociais, construções de costumes e troca de gentilezas. O projeto já foi apresentado nas versões aplicativo, video instalação, impressão em lambe-lambe e em tecido, em 05 cidades brasileiras e em Quito, Equado