“As coisas são polos de repouso da vida” Byung Chul Han Não-Coisas A calculadora do meu pai tem mais funções do que fazer contas. Territórios estão ligados à ocupação, mas ocupar é também preencher e não apenas fisicamente. Objetos que são descartados facilmente não tem histórias para conseguirem se instalar. Cada geração se relaciona de uma forma com os objetos. No mundo atual velocidade e a obsolescência imperam, esses conceitos são inversos a possuir e ocupar. O descarte rápido é oposto à criar raizes. Informações, imagens digitais são efêmeras e passam rapidamente pelos olhos. O que fica? Em um mundo que anda mudando rapidamente os objetos que trazem familiaridade estão escassos. Trabalho exposto no Museu de Arte da Bahia, durante o Colóquio de Fotografia da Bahia 2025
“Nada começa que não tenha que acabar, tudo o que começa nasce do que acabou.” O Evangelho Segundo Jesus Cristo José Saramago ReColeção de Fé Pesquiso frequentemente os shoppings chão do Rio de Janeiro, os desapegos alheios me interessam. Na primeira fase desta pesquisa me detenho nos objetos religiosos, que encontro frequentemente. Reuni peças de coleções alheias descartadas e formei uma nova coleção, misturando objetos impessoais, estatuetas, crucifixos, como os escritos, retratos e álbuns de momentos mais íntimos ou pessoais. Objetos estes que naquele estado estavam completamente esvaziados de suas funções. Percebi que os retratos, tidos como pessoais, não passavam de imagens impessoais de pessoas diferentes que seguiam o mesmo modelo. E são estas as imagens que normalmente são exibidas, e distribuídas, como "testemunhos/ comprovantes” de fé. Reposicionei os achados, criando novas narrativas para tira-los dos padrões originais. Como fundo o vermelho, cor...