Um jardim é fruto de trabalho. Uma sombra existe pela interposição de algo à passagem da luz. É preciso cultivar o jardim. A sombra aparece no oposto do visível e, por contraste, faz ver. O jardim materializa a natureza domada, posta em limites, ato do desejo de alguém. A sombra guarda semelhança de forma, é um duplo, efeito de causa, índice, remete ao que ela não é, mas que a faz ser. O jardim sugere tranquilidade, contemplação e beleza. A sombra não deixa vestígios que não os inscritos na memória das superfícies. Território de beijos e enlevos de amor, o jardim habita um mundo idealizado. É preciso imaginar o que projeta a sombra. Cultivar o jardim é um trabalho de imaginação.
Fernando Schmitt
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