Skip to main content

Yes Nós Temos Iglus






As Casas Iglus foram o resultado de um projeto de habitação popular implementado nos anos 50, no bairro de Guadalupe, Rio de Janeiro. Selecionamos aqui, 16 dos 21 exemplares restantes desse tipo de moradia. As imagens inscrevem os iglus na paisagem urbana evidenciando a escala, o desequilibrio da forma, a tensão, a relação conflituosa entre o pertencimento e a inedaquação com o entorno. Essas pequenas e redondas edificações não se inserem no tecido urbano local tradicional, conservando algo improvável, deslocadamente inapropriado.
Não há gente nas fotos mas de alguma maneira, elas transmitem uma infinidade de histórias humanas. Um modo indireto de retrato.
As áreas externas aqui mostradas traduzem a noção familiar das casas, que vão sendo trabalhadas por cada morador de acordo com suas necessidades, seus valores afetivos, estéticos e sócio-econômicos. Os rastros deixados pelos objetos, revelam um pouco da pulsão de vida de cada local - ativa, quieta, inexistente. Por intermédio das fotografias, diz Susan Sontag, cada família pode construir uma crônica de si mesma. Yes, nós temos iglus, ajuda a contar a história deste tipo peculiar tipo de moradia.

Este trabalho foi exposto em 2019 no Centro Cultural Bernardo Mascarenhas em Juiz de Fora/ MG. E fez parte do corpo de exposições do FotoRio 2019

Projeto com João Paulo Pereira




Comments

Popular posts from this blog

Entre

"...Pois já nada é o que o era. Há pedaços disto e pedaços daquilo, porém nada combina com nada. Mesmo assim, curiosamente, no limite de todo este caos tudo começa a se fundir novamente..." Paul Auster - No País das Ú ltimas Coisas Abandonado por vários anos o conjunto de prédios que abrigou empresas de telefonia se tornou moradia de sem-tetos por 13 dias. No dia 11 de abril de 2014 foram removidos pela tropa de força da PMRJ, em uma ação extremamente violenta. Em 2016, quando visitei o local, ele ainda decantava sua história. Mais do que ruínas de uma guerra, encontrei pequenas pistas, ilhas de integridade deixadas para trás carregadas de memórias e significados. Resgatei-os esvaziados de seus usos convencionais para re-agrup á- los novamente como arquipélagos de matéria. Estes objetos foram recolhidos, fotografados em estúdio. Criei um inventário do que aconteceu naquele lugar, misturando memórias de tempos diversos. Estre trabalho foi apresen...

ReColeção de Fé

“Nada começa que não tenha que acabar, tudo o que começa nasce do que acabou.”  O Evangelho Segundo Jesus Cristo José Saramago ReColeção de Fé  Pesquiso frequentemente os shoppings chão do Rio de Janeiro, os desapegos alheios me interessam. Na primeira fase desta pesquisa me detenho nos objetos religiosos, que encontro frequentemente. Reuni peças de coleções alheias descartadas e formei uma nova coleção, misturando objetos impessoais, estatuetas, crucifixos,  como os escritos, retratos e álbuns de momentos mais íntimos ou pessoais. Objetos estes que naquele estado estavam completamente esvaziados de suas funções. Percebi que os retratos, tidos como pessoais, não passavam de imagens impessoais de pessoas diferentes que seguiam o mesmo modelo. E são estas as imagens  que normalmente são exibidas, e distribuídas, como "testemunhos/ comprovantes”  de fé. Reposicionei os achados, criando novas narrativas para tira-los dos padrões originais. Como fundo o vermelho, cor...

A Calculadora do Meu Pai

“As coisas são polos de repouso da vida”  Byung Chul Han Não-Coisas A calculadora do meu pai tem mais funções do que fazer contas. Territórios estão ligados à ocupação, mas ocupar é também preencher e não apenas fisicamente. Objetos que são descartados facilmente não tem histórias para conseguirem se instalar. Cada geração se relaciona de uma forma com os objetos. No mundo atual velocidade e a obsolescência imperam, esses conceitos são inversos a possuir e ocupar. O descarte rápido é oposto à criar raizes. Informações, imagens digitais são efêmeras e passam rapidamente pelos olhos. O que fica? Em um mundo que anda mudando rapidamente os objetos que trazem familiaridade estão escassos. Trabalho exposto no Museu de Arte da Bahia, durante o Colóquio de Fotografia da Bahia 2025